O sol se abaixa no horizonte, descortinando um crepúsculo encantador,
mais parece um grande balão laranja incandescente.
Traçados marcados pela luz irradiante se dissipam lentamente,
na velocidade em que todo o universo se transforma.
O astro se retira despojado e confiante da glória desatada
no rastro majestoso.
Sinto gotículas da noite a serenar pelos galhos torcidos e
sem forma me lembrando que estou ali há horas.
Começo a ouvir grunhidos, pios e revoadas dos seres noturnos
que chegam para saudar o inchado luar que brota no alto.
Um sopro quente percorre todo o lugar e só então percebo a beleza
do jardim pitoresco em que me encontro.
É uma visão que beira à magia,
flores multicores que disseminam vida e sedução,
fragrâncias espalhadas nas mais diversas e indefinidas notas.
Um banco de madeira clara com nuances adocicadas,
me convida a tomar assento com tanta força e delicadeza
como um robusto noivo curvado.
Estrelinhas brilhantes que aparecem, vão e vem como piscar de olhos,
são os pirilampos brincando que provocam suspiros
diante dos gestos da pureza marcante.
Esse espaço bucólico esquecido ou parado no tempo,
parece sustentar e preservar o pouco de paz existente.
Não estou mais só, não tão só como cheguei,
levo comigo um aroma de manhã que encontrei nos primeiros raios,
no amarelo abrasador e ardente do mesmo sol que esperei voltar até agora!
Observo a tudo calada, a emocionante cena está presa,
gravada para sempre na memória absoluta de todos os meus dias.