E SE?



A ânsia turva a mente, nada penso
Uma suspeição de impasse,
Ou talvez me falta o senso
E se ao mar eu me lançasse?
O agitado oceano atravessaria
Pra olhar dentro do seu olhar
Uma resposta eu buscaria
Sem medo de a encontrar
E se estando em sua morada
Lhe bateria à porta, ousadia
Seria feliz com minha estada
Ou nem sequer me abriria?
Os olhos me fitando, absorvendo
A lágrima dos meus cairia
Imóvel já estou vendo,
Um sorriso me ofertaria?
Passaríamos as noites tecendo
Diálogos entre risos e vinho
Ou quem sabe ainda teremos
Momentos de amor e carinho?
E se ao longe apenas me deixo
Lamentando esse instante mágico
Me reservo ao menos a lembrança
Sem risco de torná-lo trágico?
Tantos "ses", que estado!
Mas não impedem o querer
De sonhar ao teu lado
Ou com dúvidas morrer.

Um comentário:

ACADEMIA MACHADENSE DE LETRAS disse...

Câncer!

Ali está ele!
Quieto e devorador,
Escondido em seu D.N.A.
Destrói, neutraliza
Aniquila tudo em volta

Em tudo ele corre:
Em cada ponto, em cada vírgula,
Sem reticências.

Ousa roubar-lhe
O resquício que lhe resta de vida:
O vazio, o zero, o nada absoluto!

Ele se aloja em um repúdio
Sinônimo de antônimo feliz.
... A cada instante a vida se esgota.

Tu enxergarás na escuridão benigna,
Porém, ele, em clareza, no Tártaro.
Sofrerá calado, extirpado,
Em trevas malignas

*Agamenon Troyan